Carta Aberta à Comunidade Bitcoin

Esta carta é parte de uma negociação sugerida pela comunidade de desenvolvedores Bitcoin Brasileira para a retirada permanente de ameaças contra minha integridade física, contra minha família, minha escola, meus patrocinadores (HRF) e meus discursos feministas.

Solicito a exclusão permanente da conta https://x.com/mbitjcoin e que não sejam mais criadas iniciativas, movimentações conjuntas de bullying ou ostracismo social, ou qualquer material que diminua minha honra ou das mulheres. Que não hajam mais intervenções que machuquem a minha existência e de minha escola, e as minhas iniciativas no ecossistema Bitcoin, agora e no futuro. E que isso valha para todas as mulheres do ecossistema.

A conta @mbitjcoin foi criada durante um ataque de gangstalking que aconteceu em 26 de junho de 2024 contra a conta https://x.com/bitfeminist e seus conteúdos, por parte de elementos de um grande grupo organizado de ódio contra mulheres no Bitcoin.

Em 26 de maio de 2024, criei a conta @bitfeminist no X para expor práticas e discursos misóginos da comunidade de desenvolvedores envolvidos com Bitcoin, ou seja, nossa comunidade de devs FOSS, nosso pool de talentos.

O objetivo da conta não foi ferir a honra de pessoas específicas, nem prejudicar a carreira de ninguém. O objetivo foi simplesmente expor o estado de colapso social que estamos vivendo em torno da adoção e desenvolvimento do Bitcoin no Brasil.

A conta foi criada com o objetivo de ser um livro de evidências para o artigo https://bitfeminist.substack.com/p/empoderando-a-misoginia-extrema-atraves. Este artigo explica os mecanismos de existência de um enorme grupo de ódio organizado contra mulheres no Bitcoin que existe nacional e internacionalmente.

O Brasil, infelizmente, conta com influenciadores populares e um exército de seguidores que estão profundamente envolvidos no plano de engenharia social de excluir mulheres de seu convívio profissional no Bitcoin, e culpar o movimento feminista como algo negativo para a sociedade.

Nem nos canais off-topic das comunidades existe espaço para discutir feminismo e direitos das mulheres. Somos ativamente atacadas, embargadas e banidas se reclamarmos dos mecanismos de operação deste grupo, que na maioria das vezes são extremamente sutis e, muitas vezes, difíceis de provar. Esta é uma tendência que vem crescendo em comunidades técnicas no Brasil e no exterior.

Estes grupos acreditam que os homens precisam carregar todo o poder econômico dos relacionamentos, e com isso, enxergam mulheres que coabitam em seus espaços profissionais como ameaças feministas. Parte deste grupo se apresenta como Cristãos devotos, religiosos dedicados, ou conservadores da moral e dos bons costumes. Também há o grupo organizado Red Pill e infinitos outros pretextos para desrespeitar e humilhar as mulheres. Existe um consenso de sabotagem de um suposto plano de dominação feminina, e eles acreditam que valores femininos são uma das grandes razões para todos os problemas sociais que vivenciamos.

Com isso, estamos nos tornando um nó social pouco prolífico, com baixa probabilidade de escalarmos de maneira saudável e de representarmos o Bitcoin como ferramenta de liberdade. Essencialmente, o Bitcoin e o ecossistema FOSS estão sendo usados como vias para escravizar 50% da população, e as estatísticas são claras que estamos longe de uma razão de homens e mulheres de 50/50 nas comunidades de desenvolvedores. As mulheres estão passando pela pesada carga mental de assédio e embargo social, e seu desempenho intelectual está sendo prejudicado na fonte.

Eles então apontam que as mulheres são desistentes desinteressadas, ou que não conseguem compreender os conceitos mais técnicos.

Este grupo funciona, essencialmente, como forma de segurar o Bitcoin dentro de uma comunidade de selecionados que jogam as regras desse jogo. Dentro do jogo, WAGMI. Fora do jogo, HFSP.

O Bitcoin tem sido apresentado para a população Brasileira por meio deste grupo e de suas ideologias, o que é inaceitável. As pessoas novatas vêm a acreditar que precisam participar desta câmara de eco para pertencer ao Bitcoin e não serem deixadas de fora. O consenso social está angariando mais soldados, e esta situação está ficando impossível de conter.

Com esta conta @bitfeminist, tentei expor com exemplos as práticas e discursos misóginos, e a exposição de nomes foi na tentativa de buscar exatamente uma conscientização da comunidade. Deixo aqui expostas minhas intenções de não mais atuar por meios de exposição pública dos indivíduos por trás das falas.

Nos mecanismos de prova de trabalho do Bitcoin, o egoísmo funciona. Na fábrica social do modelo de segurança do Bitcoin, é uma tragédia. Carregando essa visão, não tenho o objetivo de destruir a carreira destas pessoas. Mas tenho sim o interesse de vê-las acordando e realmente trabalhando pelo bem da comunidade, em vez de consensualmente acusar de roubo uma pessoa que elas mesmas estão suprimindo de acolhimento para realização de um trabalho educacional em desenvolvimento Bitcoin—por ser mulher.

Algumas das pessoas citadas aparentam ser apenas vítimas deste movimento. Outras, claramente, estão tirando vantagens destes discursos.

Grupos de ódio geralmente operam de forma muito organizada e hierarquizada. Todos têm o seu lugar, que é praticamente fixo. Em um grupo de ódio organizado contra mulheres, é muito difícil que alguma suba a hierarquia social, a menos que trabalhe diretamente pelo movimento e suprimindo todas as outras mulheres. Sou exemplo disso, de como a comunidade me desrespeita como líder de pensamento por ser mulher, por pensar diferente e por buscar a inclusão feminina em vez da supressão do feminismo.

Estes grupos possuem atacantes dedicados. Eles podem ser ordenados a atacar ou interromper um plano de ataque contra um indivíduo que perturba a ordem do grupo. São laranjas que vão apaixonadamente dar suas vidas pelo grupo. E é um padrão que se repete, nacional e internacionalmente. Os novatos são estimulados a esconder sua identidade não para preservar seu direito à privacidade, mas para se proteger de ameaças reais, iminentes, e criadas artificialmente. É um estado constante de toxicidade e violência social garantindo a supremacia masculina no universo Bitcoin.

O objetivo com minha intervenção na comunidade foi apenas provar como isso funciona e conseguir de alguma forma libertar meu povo e a comunidade Bitcoin FOSS. Não tenho interesse em realizar quebras de sigilo ou perseguições judiciais contra ninguém, e acredito que todos os seres humanos do planeta merecem uma chance de começar de novo e corrigir seus erros sem danos permanentes. Sou justa, mas não cruel. Também não busco pertencimento, mas sim, respeito.

Desejo o melhor para minha comunidade e todas as pessoas que investem e já investiram neste ecossistema. Que consigamos nos libertar e construir o mundo novo que desejamos.


Luciana


"Libertei mil escravos, mas poderia ter libertado mais mil se eles soubessem que eram escravos."— Atribuída a Harriet Tubman

Open Letter to the Bitcoin Community

This letter is part of a negotiation suggested by the Brazilian Bitcoin developer community for the permanent removal of threats against my physical integrity, against my family, my school, my sponsors (HRF), and my feminist speeches.

I request the permanent deletion of the account https://x.com/mbitjcoin and that no more initiatives, joint bullying or social ostracism movements, or any material that diminishes my honor or that of women be created. There should be no more interventions that hurt my existence, my school, and my initiatives in the Bitcoin ecosystem, now and in the future. And may this apply to all women in the ecosystem.

The account @mbitjcoin was created during a gangstalking attack that happened in June 26, 2024 against the account https://x.com/bitfeminist and its contents by elements of a large organized hate group against women in Bitcoin.

On May 26, 2024, I created the account @bitfeminist on X to expose misogynistic practices and speeches of the developer community involved with Bitcoin, i.e., our FOSS dev community, our talent pool.

The purpose of the account was not to harm the honor of specific people, nor to damage anyone's career. The goal was simply to expose the state of social collapse we are experiencing around the adoption and development of Bitcoin in Brazil.

The account was created with the aim of being a book of evidence for the article https://bitfeminist.substack.com/p/empowering-extreme-misogyny-through. This article explains the mechanisms of existence of a huge organized hate group against women in Bitcoin that exists nationally and internationally.

Unfortunately, Brazil has popular influencers and an army of followers who are deeply involved in the social engineering plan to exclude women from their professional lives in Bitcoin and blame the feminist movement as something negative for society.

Not even in the off-topic channels of the communities is there space to discuss feminism and women's rights. We are actively attacked, embargoed, and banned if we complain about the operating mechanisms of this group, which are often extremely subtle and sometimes difficult to prove. This is a trend that has been growing in technical communities in Brazil and abroad.

These groups believe that men need to carry all the economic power in relationships, and thus, see women who cohabit their professional spaces as feminist threats. Part of this group presents themselves as devout Christians, dedicated religious individuals, or conservatives of morals and good customs. There are also the Red Pill, and inifinite other excuses to disrespect and humiliate women. There is a consensus to sabotage a supposed plan of female domination, and they believe that feminine values are one of the main reasons for all the damage in our societies.

With this, we are becoming a socially unproductive node, with a low probability of scaling healthily, and of representing Bitcoin as a tool of freedom. Essentially, Bitcoin and the FOSS ecosystem are being used as ways to enslave 50% of the population, and the statistics clearly show that we are far from a 50/50 ratio of men and women in development communities. Women are burdened with the heavy mental load of harassment and social embargo, which hinders their intellectual performance at the source.

They then point out that women are uninterested dropouts, or they can't grasp the most technical concepts.

This group essentially functions as a way to keep Bitcoin within a community of selected people who play by these rules. Inside the game, WAGMI. Outside the game, HFSP.

Bitcoin has been presented to the Brazilian population through this group and its ideologies, which is unacceptable. Newcomers come to believe that they need to participate in this echo chamber to belong to Bitcoin and not be left out. The social consensus is gathering more soldiers, and this situation is becoming impossible to contain.

With this account @bitfeminist, I tried to expose with examples the misogynistic practices and speeches, and the exposure of names was an attempt to seek exactly a community awareness. I hereby state my intentions to not act by publicly exposing the individuals behind the statements.

In the proof-of-work mechanisms of Bitcoin, selfishness works. In the social fabric of the Bitcoin security model, it is a tragedy. Bearer of this vision, I do not aim to destroy these people's careers. But I am interested in seeing them wake up and really work for the good of the community, instead of consensually accusing a person of theft whom they themselves are suppressing from inclusion to carry out an educational work in Bitcoin development—for being a woman.

Some of the cited people appear to be just victims of this movement. Others, clearly, are taking advantage of these speeches.

Hate groups generally operate in a very organized and hierarchical manner. Everyone has their place, which is practically fixed. In an organized hate group against women, it is very difficult for anyone to rise in the social hierarchy unless they work directly for the movement and suppress all other women. I am an example of this, of how the community disrespects me as a thought leader for being a woman, for thinking differently, and for seeking female inclusion instead of the suppression of feminism.

These groups have dedicated attackers. They can be ordered to attack or halt a plan of attack against an individual who disrupts the group's order. They are pawns who will passionately give their lives for the group. And it is a pattern that repeats itself nationally and internationally. Newcomers are encouraged to hide their identity not to preserve their right to privacy, but to protect themselves from real, imminent, and artificially created threats. It is a constant state of social toxicity and violence ensuring male supremacy in the Bitcoin universe.

The objective with my intervention in the community was just to prove how it works and somehow free my people and the Bitcoin FOSS community. I have no interest in pursuing legal actions against anyone, and I believe that all human beings on the planet deserve a chance to start over and correct their mistakes without permanent damage. I am fair but not cruel. I also do not seek belonging, but rather, respect.

I wish the best for my community and all the people who invest and have invested in this ecosystem. May we manage to free ourselves and build the new world we desire.


Luciana


"I freed a thousand slaves, but I could have freed a thousand more if only they knew they were slaves."—Attributed to Harriet Tubman